O QUE ASSISTIR NOS CINEMAS EM FEVEREIRO

sábado, fevereiro 06, 2016


Mais um mês lindo para os cinemas está aqui nas nossas portas e temos muito o que explorar! Diversas obras do mês são baseadas em fatos reais, então respira, porque muitas críticas estão vindo para que reparemos quanta fumaça ingerimos todos os dias. Além de Deadpool (11 de fevereiro), O Regresso (que já falei sobre e lançou dia 4), A Escolha (que falei aqui também e lançou dia 4) e Presságios de Um Crime (que mudou de data para 25 de fevereiro), temos diversas obras que prometem deixar suas marcas fincadas. Vamos ficar por dentro? Lembrando que, como ainda não assisti, escrevo sobre a sinopse e mensagens principais que aguardo de cada um, não são exatamente análises, mas estudos de expectativas. 

  • O Quarto de Jack


Posso dizer, sem dúvidas, que esse é o filme para o qual mais estou ansiosa neste mês: um super candidato para ganhar lugar na minha lista de filmes favoritosA estória, que é baseada no romance homônimo da própria roteirista Emma Donoghue, não fala de um caso específico, embora tenha traços de algumas notícias que não são raridades pelo mundo. Jack (Jacob Tremblay) é um garotinho que acaba de completar 5 anos e vive com a sua mãe (Brie Larson) num minúsculo quarto sem janelas, apenas uma claraboia (e como eles foram parar ali é um mistério à parte). Ele nunca saiu do recinto e o único contato com o exterior ele tem por meio da televisão, cuja imagens ele acredita ser de outro planeta. Indo para além dos fatores de amor (focando no materno), o filme parece agregar diversas mensagens aderidas também, por exemplo, pelo filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Os detalhes e suas grandezas e consequências; o valor que algo material pode sim ter, quando utilizado para algo que toca os interiores de seres vivos; pontos sobre criatividade e o real sentido do que é a inteligência que devemos valorizar, como citei aqui. Logo, tudo envolve bastante psicologia também. O tema da depressão está presente, assim como a pressão desenfreada da mídia que nos faz repensar sobre como conduzimos as prioridades no nosso mundo capitalista. Barbaridades humanas de variados tipos (e aqui incluímos a mídia também) e suas cicatrizes eternas e como conduzi-las (como falo aqui na análise do primeiro clipe), assim como o outro lado da moeda prometem ser bem explorados. Entre um oito triste e um oitenta maravilhoso, vemos os quarentas sempre inclusos. Uma obra que jura nos fazer repensar sobre para onde queremos virar a nossa realidade, sobre os laços humanos e a falta de humanização profissional que torna qualquer profissão indigna de respeito e, principalmente, um filme que deve abordar mais do que diálogos interessantes, mas cenas que os complementam metaforicamente de forma densa, crítica e tocante simultaneamente. Lembrando que o longa está com quatro indicações no Oscar 2016, contando com Melhor Filme. Direção: Lenny Abrahamson. Estreia: 18 de fevereiro.

  • A Garota Dinamarquesa


drama biográfico apresenta ao público uma obra que parece pesar com suas densidades críticas tanto quanto trazer a leveza trazidas pelos suportes de um real amor. A história aderida é de Lili Elbe – primeira mulher transgênero a se submeter a uma cirurgia de redesignação de sexo. Ao lado de Alicia Vikander – no papel da mulher de Lili, Gerda Wegener, Eddie Redmayne dá vida à artista e traz para os cinemas os dramas pessoais, a vida profissional e a jornada de Lili até ser considerada pioneira transgênero. O londrino Tom Hopper retorna ao seu gênero favorito, o cinema de época, em A Garota Dinamarquesa (The Danish Girl). Como em seu filme vencedor do Oscar, O Discurso do Rei, o longa acompanha um personagem inspirado em fatos em sua luta interior por equilíbrio. Baseado no livro de David Ebershoff, A Garota Dinamarquesa se passa na Copenhagen da década de 20. Na cidade, dois artistas vivem para sua arte e um para o outro. Ele, Einar (Eddie Redmayne), pinta paisagens delicadas e tem obtido sucesso em sua carreira. Ela, Gerda (Alicia Vikander), faz retratos e luta por atenção. Ao pedir que Einar pose com roupas femininas para terminar uma obra, porém, ela inadvertidamente inicia uma secreta obsessão no marido, que se lança em uma jornada de autodescoberta. Estou muito ansiosa para ver a Alicia Vikander, que parece roubar cenas. É de sua personagem o olhar que inicialmente vê feminilidade no marido. E apesar dele ser quem efetivamente viverá na pele as agruras de ser transgênero, numa época em que pessoas eram internadas por isso (e nos faz pensar também em atitudes ridículas que a sociedade mundial ainda alimenta contra), é dela a força que conduz a transformação. Ao mesmo tempo em que Gerda tem que ajudar Lili, precisa lidar com a solidão da perda do parceiro, tudo enquanto cuida da casa e busca estabelecer sua carreira. Muitas lições sobre o real sentido da liberdade, sobre abdicações por amor, sobre autoconhecimento e, principalmente, sobre lutas internas e externas, que sempre se conectam de alguma maneira, prometem vir à tona. Que venham muitas quebras de preconceitos nos lembrando que um ser só deve ser "julgado" (sem ligar aqui preconceitos) pelo seu caráter, pelos seus atos (que são bons contanto que não faça com os outros o que não acharia satisfatório se fosse consigo), e nada além.Lembrando que aqui indiquei alguns textos sobre as temáticas de gênero e sexo, mas a obra, sem dúvidas, irá além dessa discussão. Que possamos ficar atentos para as entrelinhas sobre as ligações humanas, sobre os sentidos das escolhas e sentimentos da esposa de Lili e mais. Roteiro: Lucinda Coxon. Direção: Tom Hooper. Estreia: 11 de fevereiro.

  • Horas Decisivas


O filme Horas Decisivas é baseado nhistória real do maior resgate feito por um pequeno barco salva-vidas nos Estados Unidos. "Você tem que ir, mas não tem que voltar". Esse é o lema não oficial que a Guarda Costeira martelava na cabeça de Bernie Webber depois de ter sido convocado para resgatar os tripulantes de um petroleiro que se rompera ao meio, numa das mais aterrorizantes tempestades de inverno da costa norte-americana. As chances de sobrevivência dele e dos três outros jovens que o acompanhariam na missão eram mínimas. Nessa mesma noite, um segundo petroleiro também se partira ao meio a poucos quilômetros do primeiro, e outra equipe de resgate estava em busca dos sobreviventes da outra embarcação. Aquele 18 de fevereiro de 1952 ficaria para sempre na memória de todos os envolvidos. A obra é resultado da extensa pesquisa de dois autores que uniram forças para escrever sobre um dos resgates marítimos mais extraordinários da história. Quase sessenta anos depois daquela noite fatídica, o relato ainda tira o fôlego dos leitores, além de ter inspirado essa superprodução da Disney estrelada por Chris Pine. Um emocionante conto de heroísmo, uma mesclagem de mensagens sobre real caráter, amizade, lealdade e legado. Além de, claro, amor. Ele e sua necessidade de nos mostrar que podemos e devemos ter outras pessoas como prioridades nas nossas listas principais, o que impulsiona também nossa evolução em todos os âmbitos. De volta aos anos 50 do pós-guerra, a trama nos mostra claramente a rígida moral da época, baseada nos valores militares. É possível perceber ainda mais claramente quando a namorada de Bernie Webber vai à sede da Guarda Costeira perguntar sobre o companheiro e sua atitude é vista como uma verdadeira afronta à instituição. A força da mulher (sem descartar a dele) foi a que mais me chamou a atenção no trailer. Transbordar seus limites como inexistentes pelo que acredita ser o certo, sem abaixar a cabeça para quesitos culturais, nos lembra o quanto a nossa realidade é relativa, a nossa verdade é relativa e qualquer mínimo ato pode ir transformando tudo isso em diferentes pontos. É da força dela e das comprovações de garra dele em alto mar que espero as maiores mensagens. Roteiro: Scott Silver, Paul Tamasy e Eric Johnson. Direção: Craig Gillespie. Estreia: 18 de fevereiro.

  • Brooklyn


Com poucas perspectivas em seu país, a tímida jovem irlandesa Ellis Lacey (Saoirse Ronan) se muda de sua terra natal e vai morar em Brooklyn para tentar realizar seus sonhos.  Ela embarca por um convite do padre Flood (Jim Broadbent) para a "terra das oportunidades" (atenção à época), deixando, a contragosto, a mãe viúva e a irmã, a quem é muito apegada, para trás.  Chegando lá, se estabelece, claro, no bairro do título, arrumando um quartinho na pensão da senhora Kehoe (retratada pela veterana Julie Walters, que, pelo que já pude ler, tem as melhores falas do filme). Ellis arruma um emprego, começa a estudar e, bem à moda antiga, engata um namoro com o ítalo-americano Tony, vivido por Emory Cohen. No início de sua jornada nos Estados Unidos, ela sente falta de sua casa, mas ela vai tentando se ajustar aos poucos até que conhece e se apaixona por Tony (Emory Cohen), um bombeiro italiano. Logo, ela se encontra dividida entre dois países, entre dois amores e o dever. Nosso maior obstáculo somos nós e, por vezes, estamos tão enraizados no medo de tentar algo novo que ficamos à mercê do descontentamento sócio pessoal; esse tipo de reflexão é a mais prometida para ganhar traduções no longa. Saoirse Ronan está sendo bombardeada de elogios pela sua atuação e é um filme que nos alega o reascender daquele resquício de esperança na bondade e solidariedade humana. Brooklyn aparenta ser uma jornada de busca pelo autoconhecimento, pelo encontro dos valores e das escolhas que sempre carregam suas renúncias, pela exploração interna em meio a uma solidão que nos lembra que não vem por acaso, enquanto nos impulsiona a ir observando o quanto os laços é que nos ajudam a descobrir quem somos de fato. Roteiro: Nick Hornby. Direção: John Crowley. Estreia: 11 de fevereiro.

  • Como Ser Solteira? 


Alice (Dakota Johnson) acabou de sair de um relacionamento e não sabe muito bem como agir sem outra metade. Para sua sorte, ela tem uma animada amiga (Rebel Wilson) especialista na vida noturna de Nova York, que passa a ensiná-la "como ser solteira". O filme não é baseado em bebedeiras e conquistas passageiras, mas sim onde encontra sua força: nas mensagens de amizade, da importância da lealdade e da autossuficiência. Além de (espero que sim), quebrar aos poucos a ideia dos padrões de "joguinhos sociais" com "regras para conquistar", mostrando não a relatividade disso, como também a não importância em algo genuíno. Minha aposta nessa comédia é que traga um pouco dos tons reflexivos de Sex and the City. Imagino que a maioria de tudo o que é abordado pelo trailer, ganhará desconstruções (a não ser a força da amizade exibida). Por mais que aparente carregar clichês batidos, a obra promete trazer o que é sempre bom de reler e lembrar. Invejam não quem tem o namorado mais bonito, a esposa mais "classuda" e/ou é o ganharão, querem é a felicidade de quem vive como vive! O sorriso da solteira na balada ou a alegria do casado nas férias. Assim como a diversão do casal em uma festa e a animação da solteira em casa. Ou até o choro da casada que sabe que depois já vai sorrir, porque o bom daquele relacionamento sempre supre os lados negativos, sempre tem verdades mais fortes e não duvidadas. Assim como o choro da solteira que sabe que no fundo tem seus sonhos para abraçar e cultiva muito mais como porto seguro, coisas que ninguém pode dela retirar como evolução. O mundo quer a realização e vive procurando mais, por isso, quando se depara com quem aproveita o que tem, quer ser apenas feliz de igual maneira. Então, não choremos pelos copos vazios, apenas saibamos aproveitar a infinidade de líquidos possíveis para ele. Nada do que está, está por acaso. É para sabermos tirar proveitos, é para darmos foco ao que havíamos abandonado ou ainda nem parado para observar. E é bem por aí que acho que a obra vai mergulhar gradualmente. Esperemos e devoremos. Roteiro:  Marc Silverstein, Dana Fox e Abby Kohn. Direção: Christian Ditter. Estreia: 25 de fevereiro. Outra comédia do mês de fevereiro (lançada dia 4) é "Tirando o Atraso".

  • Filho de Saul 


Indicado ao Oscar 2016 de Melhor Filme Estrangeiro, Filho de Saul aborda a Segunda Guerra Mundial sob as mais variadas óticas no cinema: dos vencedores, dos vencidos, patriota, política, histórica e, também, dolorosa. Saul Fia é um filme húngaro dirigido pelo estreante em longas László Nemes. A estória é até bem simples: um judeu trabalha em pleno campo de concentração como sonderkommando, ou seja, integra o grupo de judeus designados pelos alemães, e separados dos demais, para carregar os corpos dos prisioneiros e ainda cremá-los, após passarem pelas câmaras de gás. Um dia, ao realizar o árduo trabalho diário, descobre que um garoto sobreviveu, mas por pouco tempo, já que logo em seguida ele é executado por um oficial alemão. O corpo largado logo é requisitado por Saul, mas o jovem foi enviado para a autópsia. Começa então uma jornada pessoal para recuperar o cadáver e, com a dignidade possível na situação, enterrá-lo. Bastante tenso em certos momentos, Saul Fia é o retrato de uma época triste para a humanidade apresentado em primeira pessoa sob uma forma rígida. Por mais que afirmem em críticas que o filme perde um pouco o ritmo de vez em quando, devido à sua (intencional) proposta monocórdia, ainda assim, promete trazer elementos bastante interessantes que o destacam no imenso hall existente envolvendo os filmes sobre a Segunda Guerra Mundial e nos fazendo refletir, por exemplo, que podemos fazer algo como a mídia dançar a nossa música quando nos inserimos nela desejando fazer a diferença com a mente firme. Podemos fazer a nossa própria música e fazer o mercado dançar essa música enquanto dançamos a dele e remodelamos isso aos poucos, com nossos diferenciais, com nossas imposições sutis, e é assim que mensagens do filme juram o encaixe na nossa atualidade (não considerando exatamente atos clandestinos, mas revolucionários em diferentes ângulos). Roteiro: László Nemes e Clara Royer. Estreia: 4 de fevereiro. 

Ainda teremos "13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi" (baseado em fatos reais o longa conta a história de um grupo de seis soldados privados que trabalham num complexo da CIA em Benghazi, na Líbia, em 2012. Englobando muito sobre lealdade. Será lançado dia 18 de fevereiro), "Deuses do Egito(25 de fevereiro) e mais um indicado ao Oscar 2016 como melhor filme estrangeiro: "O Lobo do Deserto(18 de fevereiro).

E então, qual dos filmes de fevereiro mais está aguçando sua curiosidade? O que imagina a mais sobre as reflexões possíveis de cada um? Não deixe de contar nos comentários!

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